Vila Meã, uma terra com história...

Rua Zeferino José Pinto

RUA ZEFERINO JOSÉ PINTO

(c) António José Queiroz

 

Situada em Oliveira, esta rua inicia-se no entroncamento com as Ruas do Arrabalde e de Miguel Rodrigues da Silva e termina, sem saída, junto à Escola de Oliveira. Recorda um abastado comerciante e negociante vilameanense radicado em Vila Nova de Gaia, que se distinguiu pela sua generosidade para com os mais desfavorecidos. Lamentavelmente, a placa colocada há anos pela então Junta de Freguesia de Oliveira não indica o seu verdadeiro nome. De facto, onde está Zeferino Pinto de Oliveira deveria estar Zeferino José Pinto. É provável que a confusão esteja associada ao nome do famoso benemérito penafidelense Zeferino de Oliveira (1870-1929). Este, porém, nasceu em Croca e nada teve a ver com Oliveira nem com qualquer outra freguesia de Vila Meã. Impõe-se, pois, substituir tão breve quanto possível a placa toponímica.

Zeferino José Pinto nasceu em Oliveira, a 19 de Junho de 1862. Era filho natural de José Pinto (negociante, de Ataíde) e de Libânia (lavradeira, do lugar do Monte, Oliveira); neto paterno de Francisco Pinto e Maria Joaquina e neto materno de Agostinho Vieira e Ana Lopes. Foi casado com Anacleta Pinto, natural da freguesia de Santa Marinha (Vila Nova de Gaia). Deste casamento não houve descendência.

A sua herança, porque não tinha filhos e era já viúvo à data do seu testamento (feito a 22 de Junho de 1912 no notário gaiense Leal Júnior), foi distribuída por um empregado que lhe era muito próximo (e filho deste), amigos (e filhos de alguns deles), cunhado, sobrinhos, primos, governanta, criados, alfaiate, barbeiro, Confraria do Santíssimo Sacramento de Mafamude, Associação das Creches de Vila Nova de Gaia e diversos Asilos do Porto (50$000 réis a cada um), pobres de Gaia (50$000 réis), pobres do Porto (150$000 réis). Para a freguesia de Oliveira, o testamento contemplava 200$000 réis, mais 50$000 réis para os pobres aí existentes, bem como 200$000 réis para a Igreja paroquial (consertos e paramentos). À Junta de Paróquia desta freguesia deixava ainda 5.000$000 réis (isto é, cinco contos) para a construção de uma casa (e mobiliário) destinada a uma escola para ambos os sexos. O edifício teria de ser inaugurado, o mais tardar, até ao 3.º aniversário do seu falecimento.

O remanescente da sua herança ficou para suas irmãs, Júlia e Bebiana, passando, por morte destas, para os seus filhos. Todos estes legados eram livres de contribuição de registo. Foram nomeados testamenteiros Joaquim Ferreira Alves, banqueiro portuense, e Delfim Alves de Sousa. Ao primeiro que aceitasse a tarefa legava 5000$000 réis livres de encargos.

A Escola de Oliveira, cujo projecto é da autoria de Belarmino Vasconcelos, professor do Liceu Alexandre Herculano, foi inaugurada no dia 1 de Agosto de 1915. Na cerimónia estiveram presentes o Dr. António do Lago Cerqueira (presidente da Comissão Executiva da Câmara Municipal de Amarante), que se fez acompanhar de alguns vereadores, Aureliano Tavares (inspector escolar), Augusto Brochado (vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Amarante) e Luís Mendes de Araújo (presidente da Junta de Paróquia de Oliveira). A festa foi abrilhantada com a actuação da Banda de Figueiró.

Zeferino José Pinto faleceu na sua residência, na Rua Soares dos Reis, freguesia de Mafamude, às 6 horas do dia 11 de Agosto de 1912. Está sepultado, em jazigo familiar, no cemitério dessa freguesia de Vila Nova de Gaia.

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