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Rua Fidalgo do Carvalho

RUA FIDALGO DO CARVALHO

(c) António José Queiroz

 

Situada em Real, inicia-se na Rua de Balanceiros (no entroncamento com a Rua da Breia) e termina na Rua de Nossa Senhora de Fátima.

Esta artéria recorda José Gouveia Mendes de Vasconcelos, senhor da Casa do Carvalho, descendente de uma antiga família da nobreza de Santa Cruz de Riba-Tâmega, a quem o povo designava respeitosamente por “Fidalgo do Carvalho”. Era um verdadeiro cavalheiro e um homem generoso: possibilitou a muitas famílias de Real a aquisição de terrenos (a preço simbólico) para construção de habitações. Pertenciam-lhe também alguns dos terrenos onde foi edificada a Igreja de S. Raimundo e que ele cedeu gratuitamente à paróquia.

Por circunstâncias que nada tinham de incomum, não nasceu em casa dos pais (que herdou) mas sim na dos avós maternos. O seu nascimento ocorreu a 26 de Março de 1896 na Casa de Casais Novos, freguesia de S. Martinho de Recesinhos. Era filho de Joaquim de Vasconcelos Mendes Guedes de Carvalho (10.1.1864-15.11.1939) e de Maria Francisca de Meireles Gouveia (7.4.1869-10.6.1927); neto paterno de António de Vasconcelos Guedes de Carvalho e de Inês Virgínia Pereira da Costa Peixoto e neto materno de José Vitorino Coelho de Barbosa Gouveia e de Matilde Rosa Coelho de Meireles. Foi baptizado no dia 2 de Maio de 1896, na capela da Casa do Carvalho, onde seus pais residiam e haviam casado (15.1.1893). Foram seus padrinhos o Padre Miguel António de Gouveia e Maria do Carmo Vasconcelos Guedes.

Casou no dia 10 de Julho de 1920 com Julieta de Macedo Carneiro Giraldes de Castro Portugal (nascida a 13 de Novembro de 1896, filha de Alexandre Carneiro Giraldes de Castro Portugal e de Júlia de Macedo, senhores da Casa de Alvelo, freguesia de Vila Boa do Bispo, no Marco de Canaveses), que viria a falecer em Real, no dia 11 de Agosto de 1956. Deste casamento nasceu Maria Júlia Giraldes Mendes de Vasconcelos (Real, 29.4.1921-Porto, 22.12.1999).

José Gouveia Mendes de Vasconcelos faleceu na freguesia da Foz do Douro (Porto), no dia 27 de Outubro de 1981. Está sepultado no cemitério de Real.

A expressão “Fidalgo do Carvalho” vinha de longe. Remontava seguramente ao século XVII, à época em que os herdeiros de António Mendes de Vasconcelos, Abade de Avessadas (que faleceu em Real, a 27 de Março de 1648), se tornaram administradores do Morgadio do Carvalho, que o dito prelado havia instituído.

A Casa do Carvalho era de planta rectangular, tendo adossada uma capela dedicada a Santo António. O conjunto original data do século XVII. No século XIX foi-lhe acrescentado um imponente torreão, de planta quadrada, com três pisos abertos por janelões de verga curva. O Brasão de Armas (de deficiente execução), em granito, da segunda metade do século XIX, encontra-se colocado na empena da capela. Num escudo francês, com elmo, esquartelado, apresenta no 1.º quartel três faixas veiradas (Vasconcelos); no 2.º, cinco flores-de-lis (Guedes); no 3.º, duas torres (Mendes, de Tânger); no 4.º, dentro de uma orla, uma caderna de crescentes encerrando uma estrela de quatro pontas (Carvalho). No timbre, um leão (Vasconcelos).

O primeiro título nobiliárquico de um Fidalgo da Casa do Carvalho data apenas do século XIX: de facto, foi a 4 de Abril de 1867 que o rei D. Luís atribuiu a José de Vasconcelos Guedes de Carvalho, tio-avô de José Gouveia Mendes de Vasconcelos, o título de Barão de Riba-Tâmega; no mês anterior (11 de Março) tinha sido designado Moço Fidalgo da Casa Real. A 10 de outubro de 1871, foi-lhe concedido o título de Visconde de Riba-Tâmega.

Nascido em Real, na Casa do Carvalho, a 3 de Setembro de 1822, e falecido em Lisboa, a 7 de Janeiro de 1892, José de Vasconcelos Guedes de Carvalho era bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra (tal como o avô e o pai de José Gouveia Mendes de Vasconcelos). Teve uma brilhante carreira jurídica, de que se destaca a sua nomeação para os cargos de Juiz do Tribunal da Relação (Goa e Lisboa) e Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça. A Rua Fidalgo do Carvalho não deixa, pois, de homenagear também este ilustre vilameanense. Tal como, aliás, o Conselheiro Joaquim de Vasconcelos Mendes Guedes de Carvalho atrás citado. Em boa verdade, esta artéria deveria chamar-se Rua Fidalgos do Carvalho.

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