RUA ANTÓNIO PINTO MARQUES
(c) António José Queiroz
Situada em Real, semi-circundando o núcleo principal do Bairro Brasil (começando e terminando na Rua Comendador Elísio Pereira Magalhães), a Rua António Pinto Marques recorda uma figura que marcou uma época em Vila Meã.
Nasceu em Ataíde no dia 14 de Fevereiro de 1892 mas foi baptizado em Vila Boa de Quires (3 de Março). Era filho de Lúcio Pinto e Marques (de Mancelos) e Emília de Jesus (de Vila Boa de Quires), neto paterno de António da Fonseca e Joaquina Rego e neto materno de António Matos e Maria Luísa. Casou com Elisa de Magalhães, em Real, no dia 26 de Abril de 1923. Deste casamento não houve descendência.
Industrial de madeiras, foi vereador da Câmara Municipal de Amarante (então presidida por Alberto Amâncio da Costa Santos) entre 1927 e 1941. A ele se devem algumas iniciativas para a valorização económico-social da nossa terra, com destaque, em 1953, para a fundação da Associação de Beneficência de Vila Meã, de que foi um dos principais dinamizadores. Esta benemérita associação, que contou com a preciosa ajuda da comunidade vilameanense no Brasil (e muito particularmente dos “brasileiros” da Casa de Benfica) prestou e continua a prestar relevantes serviços culturais e sociais. Além do apoio às famílias carenciadas da freguesia (particularmente às crianças em idade escolar), a ela se deveu a construção do Bairro Brasil e do Cine-Teatro Raimundo Magalhães, iniciativas que António Pinto Marques conseguiu garantir numa visita que para o efeito fez ao Brasil.
Em 1 de Abril de 1951 (dia em que chegou a Vila Meã após o périplo brasileiro) os seus conterrâneos prestaram-lhe uma merecida homenagem. Para o efeito, foi constituída uma comissão de que faziam parte os seguintes elementos: Padre Abel Fernandes, Dr. José Lencastre Freitas, Francisco Monteiro de Queiroz, Carlos Babo, João Vieira Soares, Prof. José Ribeiro Soares e Viriato Lima Vanzeler. A esperá-lo, na estação da CP, estavam centenas de populares. Em cortejo festivo, com foguetes e Banda de Música, todos se dirigiram para o monumento a Raimundo de Magalhães, junto ao qual decorreram as cerimónias de boas-vindas, com discurso inicial do Prof. José Ribeiro Soares. Após a entrega de um pergaminho ricamente encadernado (acto de que se encarregou Francisco Monteiro de Queiroz), outros discursos se seguiram, usando da palavra o Dr. José de Lencastre Freitas, o Pároco de Real, o Padre Rodrigo da Cunha, o Eng.º Pedro Alvellos (em nome do Presidente da Câmara Municipal) e o industrial José Gonçalves de Abreu (em representação dos Bombeiros Voluntários de Amarante).
Por fim, falou o homenageado: após descrever minuciosamente a sua visita ao Brasil, dando conta dos donativos aí angariados (um milhão de cruzeiros, e a promessa de outro tanto, para um bairro económico, um asilo e um cinema, 20 contos para os Bombeiros de Amarante e 10 contos para o Atlético Clube de Vila Meã), confessou-se deslumbrado pela grandiosidade da recepção, de tal modo que, ao ver tanta gente, dera-lhe a sensação de “que tinha sido ele o descobridor do Brasil”.
Os bons serviços deste “cidadão prestante de Vila Meã” (na feliz designação com que foi tratado no semanário Flor do Tâmega) continuaram. Daí o reconhecimento governamental expresso na condecoração com o grau de Oficial da Ordem da Benemerência (19 de Setembro de 1973). A insígnia ser-lhe-ia colocada pelo presidente da Câmara Municipal de Amarante, José Gonçalves de Abreu, em nova homenagem, que teve lugar no Cine-Teatro Raimundo de Magalhães a 3 de Novembro de 1973.
Após o 25 de Abril, Vila Meã não esqueceria o seu incansável “cidadão prestante”: no dia 4 de Setembro de 1976 foi dado o nome de António Pinto Marques a uma das ruas do Bairro Brasil; a 30 de Junho de 1984, num dos extremos dessa rua, foi-lhe dedicado um discreto mas digno monumento com o seu busto em bronze.
António Pinto Marques faleceu em Real, no dia 7 de Junho de 1987. Está sepultado no cemitério desta antiga freguesia de Vila Meã.