Vila Meã, uma terra com história...

Rua António Nobre

RUA ANTÓNIO NOBRE

(c) António José Queiroz

 

A Rua António Nobre homenageia um grande nome da Literatura Portuguesa com raízes familiares em Vila Meã. Situada na freguesia de Ataíde, esta artéria inicia-se na Rua da Igreja, continuando a Avenida Nova até à divisão com S. Mamede de Recesinhos (junto às Alminhas de Pinheiro).

O poeta António Nobre (cujo nome civil era António Pereira Nobre) nasceu no Porto em Agosto de 1867, na Rua de Santa Catarina, n.os 467-469. No dia 7, segundo o registo de baptismo; no dia 16, segundo um apontamento manuscrito do pai. Nessa cidade, concretamente na Foz do Douro, haveria de falecer, vítima de tuberculose, na manhã do dia 18 de Março de 1900, na Estrada de Carreiros, n.º 23 (actual Avenida do Brasil, nº 531). Era filho de José Pereira Nobre (1817-1893), natural da Lixa (freguesia de Borba de Godim, concelho de Felgueiras), e de Ana de Jesus e Sousa (1837-1886), natural do lugar do Seixo (freguesia de S. Mamede de Recesinhos, concelho de Santa Cruz de Riba-Tâmega). Extinto este concelho (com sede em Vila Meã), em 24 de Outubro de 1855, essa freguesia passou a pertencer desde então ao concelho de Penafiel.

Após os estudos na sua cidade natal (Colégios Senhor do Bonfim, S. Lázaro, Glória,  e Liceu Central do Porto) António Nobre matriculou-se na universidade de Coimbra para cursar Direito. Em termos académicos, porém, dois anos de Coimbra equivaleram a dois anos perdidos. A segunda reprovação obrigou-o mesmo a deixar a Universidade e a rumar até Paris (onde chega a 26 de Outubro de 1890).

Pese embora estas circunstâncias, foi em Coimbra que fez as mais duradouras amizades, alheado das correntes e das escolas literárias, fossem elas parnasianas, simbolistas, nefelibatas ou decadentistas. A poesia (que sempre o interessou mais do que os estudos) era para si, tão-somente, "o coração desfeito em tiras."

Na capital francesa, inscreveu-se na Faculdade de Direito, na Faculdade de Letras e na Escola Livre de Ciências Políticas. No isolamento do seu quarto, é invadido pela nostalgia do seu país distante.  Em 1892, em carta a um amigo, escreve: "Comecei a amar Portugal depois que o deixei, se é na ausência que se conhece o amor. Perdida a ilusão do estrangeiro, voltei-me para a nossa terra e é lá que moram as minhas predilecções e para lá vão as minhas saudades." Nesse ano, em Abril, saíra a primeira edição do , editado em Paris por Léon Vanier, o célebre editor dos poetas do simbolismo-decadentismo francês.

Em Janeiro de 1895, António Nobre termina a licenciatura em Direito, na Sorbonne, e regressa a Portugal. Em Maio, na capital portuguesa, realiza provas para o concurso ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. Permanecerá em Lisboa nos dois meses seguintes, não conseguindo ocupar (devido à doença que lhe minava os pulmões) o lugar de cônsul em Pretória, na África do Sul, ao qual havia concorrido.

Começará então um verdadeiro calvário, com peregrinações e estadias mais ou menos longas em Portugal (Cascais, Belas, Monte Estoril, Ilha da Madeira, Foz do Douro, Leça da Palmeira, Casais Novos, Seixo) e no estrangeiro (Suíça e Estados Unidos da América).

Tal como dois outros grandes poetas, Cesário Verde e Camilo Pessanha, António Nobre é essencialmente autor de um livro, pese embora, após a sua morte, terem sido publicados, por decisão de seu irmão Augusto, mais dois: Despedidas (1895-1899), em 1902, e Primeiros Versos (1882-1889), em 1921.

O é uma obra-prima. António Lobo Antunes diz mesmo que "é o grande livro da nossa literatura". Na sua dispersão forma uma unidade inteligível. É um livro de memórias, premonições e viagens onde paira, constantemente, uma quase tangível obsessão pela morte, que talvez mais não seja que a forma (hipersensível) de o poeta manifestar o seu entranhado amor à vida.

Falecido, como se disse, a 18 de Março de 1900, o seu corpo ficou em câmara ardente na Igreja da Trindade. No dia seguinte, perante “copiosa assistência”, realizaram-se as cerimónias fúnebres. O desditoso poeta ficou sepultado no cemitério portuense do Prado do Repouso até 4 de Junho de 1946, data em que, por decisão de seu irmão Augusto Nobre, foi trasladado para um simples mas belo jazigo do cemitério que fica junto da Igreja Matriz de Leça da Palmeira.

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