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Rua 5 de Outubro

RUA 5 DE OUTUBRO

(c) António José Queiroz

 

 

Situada na freguesia de Ataíde, entre o artístico portal da Casa do Marmoiral (início da Rua 25 de Abril) e o entroncamento de duas artérias de Real (Rua Raimundo Magalhães e Rua das Lapas), a Rua 5 de Outubro (que se designou Rua D. Ana Guedes da Costa até ao 25 de Abril de 1974) evoca um dos principais acontecimentos históricos do século XX português.

De facto, no dia 5 de Outubro de 1910, um movimento revolucionário implantou a República em Portugal. Organizado pela Carbonária Portuguesa e contando com a colaboração activa do Partido Republicano Português, esse movimento esteve inicialmente marcado para 14 de Julho e, posteriormente, para 19 de Agosto. As precauções tomadas pelo governo de Teixeira de Sousa (mandando retirar do Tejo os navios de Guerra aí estacionados) impediram, então, a concretização dos intentos republicanos.

No dia 1 de Outubro, o comité revolucionário marcou para o dia 4 a eclosão do movimento. Porém, o assassínio de Miguel Bombarda, no dia 3, precipitou os acontecimentos. Logo após a meia-noite ouviram-se alguns tiros de canhão. O movimento estava, de facto, iniciado.

Em Lisboa, à frente de um grupo de civis, o comissário naval António Machado Santos assaltou o Quartel de Infantaria 16, que entretanto se sublevara. Este regimento, a que se juntou Artilharia 1, dirigiu-se, então, para o cimo da Avenida da Liberdade (actual Rotunda do Marquês de Pombal). Entretanto, por toda a cidade, civis armados atacavam a tiro as forças fiéis ao governo.

Dois cruzadores (S. Rafael e Adamastor), que se encontravam no Tejo, desceram o rio, posicionando-se em frente ao Palácio da Necessidades (onde se encontrava o rei D. Manuel II) e de imediato começaram a bombardeá-lo. O rei não demoraria a retirar-se para Mafra.

Apesar de tudo isto, entre os revolucionários há muito começara a pairar a ideia de que a revolução fracassara. A primeira vítima dessa crença acabaria por ser o vice-almirante Cândido dos Reis, um dos cabecilhas do movimento. Machado Santos, porém, manter-se-ia firme no seu posto da Rotunda com algumas centenas de militares e civis.

Na manhã do dia 5, as forças governamentais começavam a dar sinais de grande nervosismo, por saberem iminente o desembarque dos marinheiros no Terreiro do Paço. Aproveitando o içar de uma bandeira branca (a pedido de um diplomata alemão que pretendia assegurar, sem danos, a retirada dos seus compatriotas), os revolucionários, convictos da rendição das tropas afectas ao governo, invadiram a Baixa dando vivas à República. Os soldados não ripostaram e acabaram por confraternizar com eles. Nessa mesma manhã, José Relvas, acompanhado por outros elementos do Directório do Partido Republicano Português, proclamava a República de uma das janelas da Câmara Municipal de Lisboa. À tarde, o Diário do Governo anunciava a constituição de um Governo Provisório presidido por Teófilo Braga. Nos dias seguintes, por telegrama, a República era implantada no resto do país. Assim se encerravam vários séculos de Monarquia em Portugal.

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