Prefácio
Muito tem sido o esforço despendido em prol do aprofundamento dos conhecimentos da história de Vila Meã, que é o mesmo que dizer sobre as notícias, documentários e artefactos, que marquem a identidade deste pedaço da bacia do Odres.
Outrora sede de concelho, muito recentemente montou uma estratégia, civilizada e ordeira, que pretende alcançar o regresso da sua capacidade municipalista, na esperança, entre outras, de mais facilmente se poder implementar um serviço de pesquisa capaz de revolver arquivos e de compilar tudo o que for parte interessante a Vila Meã.
Não resta a menor dúvida de que o nefasto golpe, desferido pelos herdeiros políticos de Costa Cabral sobre o “concelho inimigo”, veio redondar em prejuízo dos interesses da região, ao ponto de a sepultar no barulho do silêncio, colocando-a fora de todos os projectos de desenvolvimento sociais, económicos e culturais.
Não fosse a iniciativa privada e, hoje, Vila Meã estaria na situação que tão cara seria aos nossos detractores, por vezes depositados bem à beira da porta, que preferem correr o risco de se alhear do desenvolvimento em que se veriam enquadrados, apostados em continuarem na posição de parentes pobres e distantes das zonas onde as grandes meta- morfoses se desencadeiam, arrastando consigo os que, de boa fé, lhe fazem guarda às costas de tal posição política, que tem em vista, apenas e só, a salvaguarda de algum interesse particular, mesmo que dessa decisão advenham prejuízos avultados para os seus seguidores, que neles confiam hoje, mas que hão-de vir a renegar, quando os que agora os bajulam com mimos lhes virarem as costas, ao verem os seus objectivos atingidos.
Aí haverá choro e ranger de dentes e os bestiais passarão a bestas, chegando a hora da grande união.
Pensando nisso, um homem que amava a sua terra e bem conhecia as suas raízes e a sua potência cultural, decidiu, também ele e à revelia das entidades culturais dominantes, contribuir para perpetuar o nome de Vila Meã através da vertente ligada à cultura que dá pela designação de folclore. Foi ele António de Sousa Leite, nascido e vivido ali mesmo ao lado do terreiro onde se levantou o símbolo da municipalidade – o Pelourinho de Santa Cruz de Riba Tâmega.
(António de Sousa Leite)
Introdução
No início do século começou a desenhar-se em Portugal um movimento popular, que tinha como objectivo criar condições para perpetuar os usos e os costumes do povo português.
Em boa hora arrancou este movimento. Sem ele e não havendo, à época, as facilidades das gravações visuais, hoje tão divulgadas quanto acessíveis, ter-se-ia perdido um valioso espólio cultural constituído pela coreografia das danças que encheram adros e eirados, terreiros e beirais deste nosso Portugal, que hoje bem se pode sentir orgulhoso por ver resguardadas do tempo marcas tão vincadas do modo de viver e conviver do nosso povo.
Depois foi o alastrar do “vírus” do folclore por todo o país, de forma paulatina mas imparável, podendo hoje dizer-se que foi possível fundar um museu itinerante de usos e costumes, que permite a todos os interessados debruçar-se sobre as questões que se apresentaram aos nossas antepassados, quer ao nível do esforço físico com que era granjeada a subsistência, pela observação das ferramentas utilizadas então, quer em termos de economia apreciando, através dos usos, a forma como vestiam os vários estratos sociais de épocas passadas, que nem sequer estão demasiadamente afastadas da era actual.
(c) Torcato Bessa
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- As origens do Folclore em Vila Meã
(c) Texto: Torcato Bessa