Temos pudor em louvar quem se ama.
Por isso me escondo atrás de palavras discretas ao falar de Vila Meã.
Mas que ela merece muito na geografia e na História, isso é verdade. Merece que se lhe desenhem os lugares, as ruas, as casas. Que se levantem as ruínas antigas e se projectem novos edifícios.
Vila Meã já foi sede de concelho, já teve honras e bandeiras, cavaleiros e ricos-homens. É mais antiga do que Portugal; é mais saudosa do que cem noivas de guerreiros. A pedra nela é venerável; o alecrim é brasão; o lódão é glória.
Mas deixemos que o nevoeiro cubra o seu orgulho, devagar, que é bom não sermos humildes depressa, porque depressa seríamos esquecidos.
E não queremos isso.
(Agustina Bessa-Luís)